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Entrevista
feita em 05 de Abril de 2003 durante o II Underground Revolution Fest |
1)Rock On Stage - Como foi o início do Claustrofobia? E a partir de que momento vocês viram que a banda poderia fazer um trabalho próprio? Marcos
– O Claustrofobia começou em 94, o nome Claustrofobia
tinha outra formação, e começamos fazer som próprio e tocando as
covers também das bandas que influenciaram a gente na época,
podreira!! Gravamos uma coletânea e uma demo, e
esta formação está desde 96. E acho que foi a partir desta
formação, em 96, é que a gente gravou a demo “Manifestações”,
que a gente começou a moldar o estilo nosso, é que começou a criar
uma identidade, a banda daí que a gente viu que era isso mesmo que a
gente queria, e o som é esse aí, e estamos evoluindo ainda, e temos
muito o que aprender ainda. Rock On Stage --
Pra nossa sorte deu tudo certo? Marcos
– Até agora tá dando tudo certo, apesar dos buracos no caminho, mas
nós passamos em cima dos buracos. 2)Rock On Stage - Vocês lançaram dois ótimos álbuns, o Terror and Chaos e o Thrasher. Tirando as composições, qual a diferença entre os dois? Marcos – Acho que é a evolução, né, você vai evoluindo com o tempo. O primeiro tinham músicas de demo, que a gente foi mudando, e a gente era mais moleque, foi mais na inocência mesmo, mas eu curto pra caralho. Mas no Thrasher a gente já tinha uma idéia na cabeça, e foi no Thrasher que a gente achou o caminho nosso. Alexandre
– É conforme você vai tocando, vai fazendo show. Que nem no primeiro
cd, você faz show tal...é o início, daí você vai evoluindo e
pegando experiência pra caralho, e as outras músicas vão nascendo...
É uma evolução. Marcos – É, o negócio é natural, tá ligado, tem que ser natural. Sei lá, você vai fazendo o som e o Thrasher é onde nós achamos mesmo a cara da banda, e nós vamos investir neste som. Rock On Stage - E vão descobrindo sons novos durante as composições também. Marcos
– Com certeza, você vai
aprendendo mais, vai tocando, vendo várias bandas, sendo influenciado
pelas coisas boas, pela música boa, mas achamos o estilo nosso, e
estamos nesse caminho agora. 3)Rock On Stage - No álbum Thrasher não tem como não falar da faixa Paga-pau. Quem são os verdadeiros Paga-Paus? Marcos
-
Puta velho, paga-pau mano... Marcos
– É, tem vários tipos de paga-pau, tem vários modelos. Sei lá, tem
muito neguinho que fala é metal pra caralho mas é um puta de um cú, não
dá valor pras bandas nacionais, fala que manja de som. Mas na verdade não
é isso que tem que acontecer, o que vale mesmo é se você sente o
bagulho no seu coração. Você ouve o metal mesmo, porque o bagulho
pega, e não importa se você conhece nome ou porra de banda. Tem a cara
que quer saber a cor da cueca do Slayer! Que porra que é essa
mano? Alexandre
–
Tem os paga-paus também, tipo...Aqueles caras que que querem
dar uma “from hell”, demônio, tal, usam umas
correntes, o caralho, as nem sabem qual é. Marcos
– E na hora que vem o diabo, chamam por Jesus, tá ligado, e falam “Meu
Deus do céu !” É o seguinte, nada contra quem usa esse
visual, tem os manos que curtem mesmo, e tem que respeitar. Mas,
paga-pau tem vários modelos, e nós fizemos uma homenagem pra eles. Rock On Stage - Uma bela homenagem (risos) Marcos
– E se não tivessem eles, como que nós iríamos dar risadas né. Alexandre
– Se é um cara que tem argumento pra falar, eu sou por causa disso,
eu curto, tal...beleza. Mas tem vários tipos que se vestem assim,
cheios de querer botar a banca de mau, mas nem sabem o que que é. Rock On Stage - Não passam de cuzão. Marcos
– com certeza mano, é isso aí. 4)Rock On Stage - Vocês tem uma presença de palco e uma energia que lembram um pouco o Sepultura antigo. Vocês concordam? Inclusive em alguns shows vocês tocam o Beneath the Remains. Marcos
– concordo mano, claro, o Sepultura era uma banda que não era paga-pau,
era uma banda que fazia o metal do Brasil. A maioria das bandas querem
ser igual ao metal da Europa, metal dos Estados Unidos, mas se você é
do Brasil, tem que fazer o metal do Brasil, ou seja, de acordo com a sua
cultura. E o Sepultura era uma banda que não pagava pau pra ninguém,
os caras eram foda mesmo, e é o maior orgulho falar que eles são influência
nossa. Rock On Stage - E o que é foda. É que que eles tiveram que ser reconhecidos lá
fora pra depois terem reconhecimento aqui. Marcos
– Infelizmente é assim. Primeiro, lá fora, eles tem que falar que
você é bom, pra depois os paga-paus daqui falarem que você é bom.
Quem é daqui, é que tinha que dar valor. Aqui é que tinha que ser
mostrado, pra depois os negos lá de fora falarem “nossa, o Brasil
é foda”, desde o público até as bandas. Os caras pagam sessenta
reais para ver os shows dos gringos, e não pagam cinco reais para ver
uma banda nacional. Tem que dar valor pro que é nosso. 5)Rock On Stage - Nas suas opiniões, como está o cenário metal brasileiro no geral, desde banda até produção de shows? Faço esta pergunta, pois vocês participam de muitos festivais. Marcos
– Metal nacional é foda, mano. Só que dá pra você contar nos dedos
as bandas que honram mesmo, mas tem, e quando tem são as mais originais
do mundo. Não é que nem lá fora que quando sai um batera, você acha
um igual em qualquer esquina. Aqui quando tem um mano que é foda, é
insubstituível, entendeu. Tem uns cartas que honram o metal brasileiro,
como o Sepultura honrou. E há várias bandas nacinais que são
foda. Vou citar algumas : Torture Squad, Subtera, Siegrid Ingrid, etc. (
N. R.: algumas dessas banda e muito mais você
confere na seção aqui Resenhas
do Rock On Stage ) Alexandre
– O que falta na verdade é uma estrutura, tá ligado. Isso no
Brasil é que é foda, porque as vezes você vai tocar em algum lugar e
falta equipamento, as vezes é uma puta zona, e isso acaba até
queimando o filme. É por isso que os gringos são foda, tá ligado, a
gente realmente tem que ralar, que você chega lá, nós nunca fomos
para fora, mas pretendemos, mas todo mundo fala, que lá tem um
equipamento fudido. Marcos
– Mas isso também fazem as bandas serem mais “sangue nos
olhos” porque aqui você não tem nada... Rock On Stage - E você passa a fazer o som com raiva mesmo. Marcos
– Aí você chega lá fora e encontra uma puta estrutura e quebra
tudo!!! 6)Rock On Stage - Quais as bandas brasileiras que pra vocês merecem destaque, incluindo a atitude? Marcos
– Claro. Tem várias, véio. Do underground, fora Krisiun e Sepultura,
que já conquistaram o seu espaço... Tem várias bandas, o Torture
Squad... Alexandre
– Siegrid Ingrid. Marcos
– Subtera. Alexandre
– R.V.I. Marcos
– Deixa eu ver... Tem várias bandas. Alexandre
– É até foda lembrar. Marcos
– Tem várias bandas que estão na correria forte aí. Alexandre
– O Broken Heads é da hora. Marcos
– O Funeratus faz a maior correria também, honrando o bagulho.
Tem mais, mas é foda de lembrar agora. 7)Rock On Stage - E as principais influências? Marcos
– Olha véio, nós começamos curtindo metal em geral, o verdadeiro
heavy metal. Alexandre
– Iron antigo. Marcos – Nada desses negócios tão melódicos. O verdadeiro metal mesmo, tipo Iron Maiden, Black Sabbath, Sepultura, Slayer, Napalm Death também, o Ratos de Porão com os hardcores nervosos, Death Metal. Só que com o tempo você não pode ser ignorante com a música, há vários estilos que são verdadeiros também, que você pode até não gostar, mas tem que ouvir de tudo, e isso acaba influenciando você, mas faz do seu jeito, do seu estilo. 8)Rock On Stage - Como surgiu a idéia do nome Claustrofobia? E o que significa pra vocês? Talvez um desespero? Marcos
– É, na verdade surgiu meio que do nada esse nome, mas encaixou
perfeitamente no que é a banda hoje, pois Claustrofobia
significa medo de lugar fechado, medo de ficar preso. Alexandre
– E a gente não que ficar preso a nenhum rótulo, tá ligado. Marcos
– A gente não quer fazer o som que
a gente curte, não nos importando com o rótulo, com nada, fazendo um
negócio eclético, mas no nosso estilo. Então o nome cai que nem uma
luva em dia pra banda. Rock On Stage - Então por coincidência caiu que nem uma luva no sentido de vocês
não se prenderem a rótulos, e nem ficarem pagando pau para o que não
é verdadeiro. Marcos
– Com certeza, a gente não quer se prender a nada. 9)Rock On Stage - E os planos pra este ano? Mais álbum vindo por aí? Marcos
– Nós estamos fazendo sons novos, mas a gente quer divulgar mais o Thrasher,
e se tudo der certo, fazer uma turnê pelo nordeste, divulgar o máximo
pelo Brasil, e se tudo der certo também, ir para a Europa correr atrás
do “prejuízo”. Quanto ao álbum novo, nós estamos fazendo as músicas
e a hora que for pra lançar, nós vamos lançar , mas não tem previsão.
Estamos fazendo as músicas pra adiantar o nosso lado. O objetivo da
banda agora, é ir pra fora. 10)Rock On Stage - Pô velho, valeu, e agora as considerações finais. Marcos
– Firmeza. Você é realmente um cara que dá um apoio, e a gente
considera quem respeita o bagulho. E como que é o nome aí... Eu
não sei o nome do site !!!. Rock On Stage - E você Alexandre? Alexandre
– Bom, faço minhas as palavras do Marcos. E também quero mandar um
aviso pra galera, que quando tiver festival de bandas nacionais,
apoiarem o máximo, pra ajudar a crescer o movimento. Marcos – Só assim que vai crescer. Só um ajudando o outro é que vai crescer. É o público ajudando a banda, todo mundo unido, as bandas se unindo, sem competição. E é assim que vai crescer o bagulho.Valeu!!! Por Pedro Araújo |