Realizada durante a 6a Festa Rock  Sábado dia 08 de fevereiro de 2003 Clube Centrão Itapira/SP

 

Rock On Stage -Estamos conversando aqui com a banda Spirit Heaven que tocou aqui na VI Festa Rock em Itapira, estamos falando aqui com o Paulo (vocal) e Rodrigo ( guitarra ).Queria saber como foi o começo da banda, como a galera se conheceu? 

Paulo: O início foi o seguinte, a gente fez uma reunião de amigos que estavam a fim de tocar cover de suas bandas preferidas então a gente se juntou pra montar uma banda e cover que se chamava Metal Cover, lembra disso?

Rodrigo: Eu entrei na segunda base, tinha um guitarrista que o cara começou a querer faculdade e tal, eu tocava hardcore mas sempre que tinha que tocar hardcore, black, chamava eu, aí entrei na banda, aí começou a idéia de querer fazer música própria.

Paulo: Aí a gente começou a fazer a música e sem querer procurar um estilo a gente tentou fazer metal, e saiu metal melódico, mas foi uma coisa natural, sem sofrer influência de mídia nenhuma, simplesmente saiu.

Rock On Stage - E as principais influências, Iron, Helloween, fale mais.

Paulo: Gamma Ray, temos também influências mais extremas como Kreator, Slayer, Venom, Sepultura e aí vai. 

Rock On Stage - Agora, eu queria saber sobre o álbum Aera's Kingdom, o que quer dizer Aria's Kingdom?

 Paulo: Aria's Kingdom quer dizer o reinado de Aeron, na realidade a gente montou uma história, falando sobre uma guerreira, e sua história, resumindo é basicamente o seguinte: Ela é um ser do bem que possui no coração dois lados, um lado bom e outro ruim, praticamente é o que a gente vive no dia-a-dia, o bem e o mal estão juntos no mesmo caminho. Exemplo: se você está trabalhando e perde seu emprego, pra você é mal e pra quem está entrando é bom.

Rodrigo: Mas não somos white metal, apesar de parecer.

Rock On Stage - O nome soa como white metal, Spirit Heaven, então não é WM?

Rodrigo: Não é white metal, mas nada contra white metal, a gente tem o Eterna.

Rock On Stage - Bandaça o Eterna.

Rodrigo: Muito boa, nada contra, é que eu sei que eu sou ateu e tal, mas  não somos white metal, e não falamos só de Jesus, falamos do bem e do mal.

Rock On Stage - Ainda sobre o Aria's Kingdom, eu ouvi dizer que é uma mulher que é um anjo e um guerreiro ao mesmo tempo?

 Paulo: É uma anja guerreira e na realidade a gente gosta muito de mulher, então a gente não ia falar de guerreiro, mas de guerreira, mas por outro lado ter uma guerreira assim, uma mulher toda bonita pra caramba, peitudona, a gente curte mulher, na realidade.

Rock On Stage -  E é um anjinho? 

Rodrigo: É um anjinho, mas é gostosinha, é sadomasoquista.

Rock On Stage - E quanto tempo tem a banda?

Paulo: A gente tá na luta já há sete anos, seis pra sete.

Rock On Stage - Eu sei que você organiza shows em Pirassununga, vários festivais de metal que repercutiram muito bem, como foi o começo e como está o cenário metal em Pirassununga?

Paulo: O começo foi muito difícil, porque quando se toca música cover, tudo bem, mas quando você vê uma sociedade tipo assim, no lugar onde você mora, no interior que muita gente curte um somzinho mais leve, você começa a fazer um negócio mais extremo, não tem oportunidade de você tocar, quer dizer, não tinha, porque agora a gente tá criando nosso próprio espaço.

Rock On Stage - Eu fiquei sabendo que a prefeitura agora corre atrás de vocês pra poder fazer um evento todo ano?

Paulo: Exatamente, todo ano, no dia da cidade tinha um evento de pagode, sertanejo ( nota da edição : ééécaa!!!! ) , menos rock n'roll, só que nesses dois segmentos havia muitas brigas, discussão, sem segurança e pá, fiz o primeiro evento e deu certo, tinha mais de 600 pessoas, não tinha segurança, não deu confusão, rolou tudo numa boa, quer dizer a prefeitura apoiou o segundo e vai apoiar o terceiro.

Rock On Stage - Inclusive, desmistificando a linguagem de que metal teria violência, pancadaria, quebradeira, é tudo ao contrário.

Paulo: Aqui em Itapira você pode conferir, até agora não vi nenhuma briga, e isso tá lotado.

Rock On Stage - Quais bandas brasileiras você considera hoje dentro do cenário musical que pode se dizer que estão com respeito, ou um respaldo muito bom?

Paulo: Com um respaldo muito bom não tem como negar, é o Angra, são músicos excelentes, mas não é o fato de serem músicos excelentes, os caras tem manager, tem produtor, eles têm uma série de coisas, eles conseguem gravar fora, um monte de coisa que colabora para que a banda seja gigante. Eu acho que deveria ter um espaço maior pras bandas nacionais que não tem um aparato grande, qual que é a banda atual? É o Angra, Sepultura que tá meio por aí, mas é também o Shaman também, fora isso cadê? Que banda que consegue sobreviver de metal fora essas aí que eu citei?

Rock On Stage - Inclusive se eu tiver errado me corrige, Fábio Laguna tocou na banda de vocês, como foi o processo de Fábio Laguna junto com vocês, como que é, explica essa história direito?

Paulo: Na realidade quando a gente começou a tocar, a gente com um tecladista, o irmão dele ajuda a banda, então a gente resolveu dar uma força pro cara, mas o cara não entrosava muito  com a gente, foi então que eu falei com  o Fábio, o Fábio ia entrar na banda, mas como demorou muito tempo, ele não entrou mas acabou fazendo participação que foi fundamental pro nosso cd, mas não entrou na banda, eu acho que quando ele estava decidido se ia ou não, pintou o Angra.

Rock On Stage - E os planos para 2003, um novo cd está em processo de composição, tá em processo de mixagem, como que é?

Paulo: A gente tá reformulado a banda e, logo que isso acabar, a gente vai compor e se Deus quiser neste ano gravamos o cd.

Rodrigo: O problema é que a gente gravou o primeiro cd, já tava com a idéia de na divulgação fazer o segundo, pra já mostrar um trabalho, aí acontece que o baixista ia para a Europa, casou e foi pra lá, a gente tem que ir atrás de outro baixista, começamos  a compor, o guitarrista pegou e saiu, formou e virou advogado e é amigo do Fábio Laguna, aí fomos atrás de um guitarrista, outro e outro, e aí atrapalhou na composição, aí saiu o último que entrou, aí o baixista resolveu sair, a gente tá assim, tentando fazer música para lançar mas ninguém para, ou então acha que tem que tocar aqui, ou estuda, outro tem namorada que não deixa, ninguém curte o metal que nem a gente curte, da origem da banda só nós dois que ficaram, o resto é tudo integrante novo que entraram, mas se der certo essa formação, se Deus quiser o disco novo ficará pronto.

Rock On Stage - Vocês estão reformando o line-up pra poder lançar o segundo cd?

Rodrigo: A idéia fundamental é essa, mas precisa achar pessoas que estejam a fim de fazer, porque até agora só nós dois que queríamos mas víamos que tem que batalhar, achavam que era fácil.

Paulo: Metal tem que ralar, não adianta você falar que vai estourar, tem que ralar.

Rock On Stage - E como tem sido trabalhar com a Megahard, que hoje em dia é um puta selo de distribuição de bandas excelentes também, como tá sendo pra vocês trabalhar com eles, e como está sendo a distribuição do cd?

Paulo: A distribuição não está sendo boa, agora não posso meter o pau na Megahard, porque ela abriu espaço pra a gente. Eu acho que o Márcio deve ampliar os negócios dele, e realmente se ele investiu em nós, ele acredita que a gente tem condições de se tornar uma banda famosa, mas, a distribuição ainda é devagar, mas não é por causa disso que a gente vai meter o pau, eles tem a dificuldade deles, e de uma forma ou de outra até esse ano, estamos satisfeitos com o trabalho.

Rock On Stage - Queria agradecer a entrevista. E fale suas considerações finais.

Rodrigo: A gente agradece muito, a gente adora, é como eu falei, a pessoa acha que é fácil sair tocando por aí, esse festival aqui vaio bem a calhar, a gente tava parado e tivemos que correr uma semana para encaixar o baterista novo, eu segurando guitarra sozinho, sem preparo pra poder fazer. Mas meu, Heavy Metal é luta, é batalha, é dor de cabeça, é suar no palco, é luz queimando a pele, neurônio fritando, é rock n' roll cara, mas a gente agradece ao pessoal, aqui a você agora, é metal na cabeça.

Paulo: Heavy Metal é vida, energia e atitude.

Por Pedro Araújo

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