Julho de 2003 por e-mail

 

Rock On Stage – Gostaria de saber um resumo da história do Andralls, principalmente do seu início.

Denis - Em agosto de 1998, Alex Coelho, Denis Di Lallo, Eddie C. e o ex-baterista Gustavo Pinheiro se juntaram para formar o Andralls. Inicialmente, apenas para tocar alguns covers de bandas como Slayer, Sepultura e Megadeth até que em 2001 lança o álbum “Massacre, Corruption, Destruction”   ( confira resenha aqui )muito elogiado pela crítica, tratando-se de uma produção independente. Após o lançamento, o baterista Gustavo deixa a banda por motivos particulares. Alexandre Brito, músico que já havia tocado com Alex e Eddie, entra na banda, que é convidada a abrir os shows do Judas Priest em São Paulo e Rio de Janeiro após apresentar o primeiro trabalho “MCD” para a produtora do evento local. Em 2003, a Marquee Records do Rio de Janeiro se interessa pela banda e lança o novo álbum “Force Against Mind” ( também temos a resenha aqui , o melhor álbum de thrash metal do ano segundo a crítica.  

Rock On Stage – O nome da banda é bem curioso, pois Andralls é o o nome de um edifício que pegou fogo há muitos anos em São Paulo. De quem partiu a idéia do nome da banda?

Denis – O nome foi idéia de um amigo da banda e se adequou perfeitamente à sonoridade que estávamos dispostos a fazer.

Rock On Stage – A música “Andralls on Fire” retrata bem o desespero das pessoas naquele edifício. Para compor esta música houve alguma pesquisa ou vocês de alguma forma lembram daquela tragédia?

Denis – Sim, tivemos que fazer algumas pesquisas e entrevistas com pessoas que participaram da tragédia, pois o incêndio ocorreu em 1972 e a gente nem era nascido ainda.

Rock On Stage – Além da música “Andralls  on Fire”, o álbum “Massacre, Corruption, Destruction” possui temas bem obscuros. De onde vem tanta inspiração? ( risos )

Denis – Obscuros??? (risos) Bem, no primeiro álbum procuramos relatar a verdade do mundo, esta ganância das pessoas em meio à destruição. Falar sobre estes assuntos torna-se fácil quando você vive no meio deles, portanto, a inspiração vem naturalmente.

Rock On Stage – O som de vocês é um thrash devastador mas a música “No chance to escape”  têm uma levada mais de heavy tradicional. Há algumas bandas deste estilo que os influenciam?

Denis – Sem dúvida, “No chance to Escape”  foi a primeira composição do Andralls e achamos importante colocá-la no primeiro cd da banda, pois representa um marco em nossa história. Realmente ela tem um clima meio sombrio, meio Sabbath, porém, não tocamos ela nos shows, pois agora a agressividade é prioridade nas músicas.  

Rock On Stage – Vocês vem de uma nova safra de bandas de thrash metal. Para vocês como está o cenário thrash no Brasil, e quais bandas que merecem destaque não só pelo som, mas também pela atitude?

Denis – Bem, a base do cenário thrash continua a mesma de sempre, existem bandas competentes, que merecem destaque, mas que não possuem recursos para apresentar um bom trabalho, o que acaba denegrindo sua imagem, mas também existem aquelas que não procuram uma evolução. Por exemplo, nossa vida foi e ainda é escutar o thrash anos 80, bay area, porém, fazer uma música com a mesma sonoridade de 20 anos atrás, seria parar no tempo, as músicas devem possuir influências antigas, mas em uma sonoridade nova, porém agressivas e rápidas. Destacamos o Claustrofobia, Korzus, etc...

Rock On Stage – Se não se importarem farei uma mesma pergunta que foi feita ao Claustrofobia 
( leia entrevista aqui ). É o seguinte, vocês tem uma presença de palco que lembra muito o Sepultura antigo, concordam? E nos shows vocês tocam o Arise. Enfim o que significa o Sepultura pra vocês?

Xandão - Nossa presença de palco é uma coisa que nos importamos muito. Talvez lembre o Sepultura, pois possuímos também 4 integrantes com as mesmas características deles. Isso é questão de influência mesmo, acontece sem que possamos perceber. Mas não pensamos nunca em ser ou tocar igual o Sepultura, temos a nossa própria identidade. Não costumamos tocar covers nos shows, porém, no Absolute ( confira cobertura aqui ), fizemos questão em tocar a Infected Voice à pedido do público. 

Rock On Stage – O novo álbum se chama Force Against Mind. É um álbum que tem vários temas ou tem um enfoque somente? E a sonoridade como está?

Xandão – O novo álbum tem um enfoque principal “A Força contra a Mente”, e nas músicas estão descritas as várias formas deste título se apresentar. O álbum está muito pesado, rápido e agressivo e com uma produção excelente de Fabiano Penna e Sidney Sohn.

Rock On Stage – O primeiro show da turnê do novo álbum aconteceu no dia 05 de julho em Santo Antonio do Jardim no II Absolute Metal Festival. Como foi este show?

Xandão – Foi fantástico ! Mesmo antes do início do show, quase todo nosso merchandising havia se esgotado. Acho que o pessoal está querendo mesmo é porrada na orelha e está um pouco cansado de músicas cheias de frescuras....( risos ). O público agitou muito, abriu rodas e curtiu como um verdadeiro thrashbanger deve fazer. Aproveitamos para agradecer o grande apoio recebido.

Rock On Stage – Um dos pontos importantes da carreira do Andralls, foi abrir pro Judas Priest no Credicard Hall em São Paulo, diga-se de passagem, sem pagar nada, coisa que normalmente não tem acontecido no Brasil. Vocês conseguiram isso de que forma? O que vocês tem a dizer dos caras do Judas pessoalmente? E o que acha das sonoridade da banda atualmente?

Xandão – O que aconteceu com a gente foi uma exceção. Realmente não pagamos nada para tocar com esta lenda do heavy metal. Após as datas da turnê do Judas Priest serem divulgadas, enviamos nosso trabalho aos produtores do evento, eles se surpreenderam com a sonoridade da banda, principalmente por ser uma banda independente e obter tantos elogios da crítica especializada.

Além de serem ótimos músicos, são muito simples, profissionais e tem uma equipe de invejar qualquer banda. A sonoridade deles pode ter mudado um pouco nestes últimos álbuns, principalmente com a entrada de
Ripper, mas ainda continuam sendo uma das maiores bandas de heavy metal do mundo.  

N.R. - Quando foi realizada a entrevista não estava divulgado que o Rob Harford está de volta. 
É amigos o Judas Priest com a formação do Painkiller ( leia mais em na seção Stage News ).

Rock On Stage – Obrigado a atenção de vocês, e boa sorte na turnê do Force Against Mind. As considerações finais são suas à todos do Rock On Stage.

Denis e Xandão – Nós agradecemos o apoio de toda a equipe do Rock On Stage e do Absolute Metal. Continuem assim, sempre apoiando o metal nacional. Um grande abraço à todos e nos colocamos à disposição para participar dos próximos eventos. Stay fasthrash!

Por Pedro Araujo

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